segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Vinte e um.


Entre quinze e dezoito
Criam-se os medos
Surgem as inseguranças
Brotam as esperanças,
Medo do que é errado
Insegurança do que é certo
Esperança por um amor perdurente
Desesperos, fases, crises
Internas cicatrizes
Eternas diretrizes.
Entre dezoito e vinte e um
Os medos continuam
As inseguranças apuram
As esperanças afloram,
Erros que nos derrubam
Confiança que nos levantam
A cura que se cure
Subestimam-se leis
Das seis às seis,
Receios de ordens
De horas exatas
Os olhos que brilham inocentes
Desconhecem verdade,
Algumas alegrias padecem
Quando cessa tal idade
Mentiras envelhecem
Tornam-se maçantes
O corpo implora prazer
Harmônicos neurônios
Singelos sintomas mentais
Ilustres desfrutes emocionais,
Uma súbita súplica pelo desgaste
E o descaso de glórias cedidas
De metas vencidas,
Simplório é o apego ao sossego.

terça-feira, 3 de agosto de 2010

Transcendência.


Ilusão
Palavra designada
Pela ausência de uma crença
Que superaria algo transcendental
Escolhas desiguais
Traços tortos,
Vidas verdes,
Matos mortos
O Criador cria o ser
E o ser vira o destruidor
Sofrimento e dor
Vencido pelo fracasso
Suor, cansaço
E a ferrugem do aço
Que atravessara o punho
E a coroa do Rei
Fizera com que o sangue
Descesse sobre sua face,
Os joelhos que desciam
Pela misericórdia da cura
Se acovardaram diante das hastes
Os gritos que ecoavam
Fizera as lágrimas estremecer o chão
Os sinos inertes
Agora badalam
A culpa do pecado
Dessa sentença imposta e injusta
Covardes e impuros
Entraram na linha do compasso
Alinharemos no espaço
Agarramos ao que nos foi reservado.

Eufemismo vital.


Ando,
Faço percursos
Dos quais são irreconhecíveis
Observo e desvendo
Lugares sombrios
Nem tão claros,
Nem tão escuros,
Nem tão frios
Me sinto no conforto
De uma luz que clarea distante
Que no chão entrelaça com minhas sombras,
Sombras que retrocedem um passado
E logo desfrutam de um futuro,
Marcas que não se apagam
Precisei ficar sozinha
Pra curar do que me cegava
Diante do simples,
Ensaiei uma peça pronta
Só atuei do meu modo,
Um teatro vital, um público imaginário
Onde expressam,
Risos, choros e aplausos
Se ouve nas vozes ecoadas
Altos, intensos e falsos
De palavras repetidas
E antes que fechassem as cortinas
Deitei-me no palco
Escorrera uma lágrima
E em sua transparência
Presenciaram um espetáculo,
Ecléticos, estigmas e essências
Diferentes sinais de diferentes aromas,
Dissuadiram-se
Ao verem minha pequena frustração
De querer atuar sozinha,
Precisei de forças para levantar-me
Do chão gelado
Que abraçava meu corpo
Despido e despojado,
Os membros tornaram desnecessários
Venenos que adormecem a mente
Pelos atos instintos
Tornei-me vítima das próprias circunstâncias
Precisei de relações imediatas
De vínculos recíprocos
Ou um sentido moral
Passei a ser o público alvo
Do próprio recital.