domingo, 19 de dezembro de 2010

Ar da essência.


Não tenho muitos motivos pra sorrir,
A qualquer instante, minha face radia alegria
No outro, feridas internas incuráveis

Que a ciência desconhece.
Tenho idéias que me surpreendem,
E fatos que me desiludem.
Tenho pessoas que amo, e as que deixei de amar,
No superficial, o caráter absorve um anonimato qualquer
Sem deixar vestígios emotivos.
As dores da distância somem,
Lembranças da infância surgem,
Interesses substituídos por sentimentos ocultos
Atravessam a linha da harmonia
E entram num ciclo hostil,
Integram na roda do descaso
Vícios mortais que desintegram-se no ego,
Estilhaços que ferem a mente,
Propagam e planejam sonhos altos
E por não alcançá-los, sofrem,
Causam dores psicossomáticas,
Expiram um ar tóxico,
Inspiram gênero, número e grau
Apenas uma alma da essência,
Imprimida, inanimada, imortal.

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Vinte e um.


Entre quinze e dezoito
Criam-se os medos
Surgem as inseguranças
Brotam as esperanças,
Medo do que é errado
Insegurança do que é certo
Esperança por um amor perdurente
Desesperos, fases, crises
Internas cicatrizes
Eternas diretrizes.
Entre dezoito e vinte e um
Os medos continuam
As inseguranças apuram
As esperanças afloram,
Erros que nos derrubam
Confiança que nos levantam
A cura que se cure
Subestimam-se leis
Das seis às seis,
Receios de ordens
De horas exatas
Os olhos que brilham inocentes
Desconhecem verdade,
Algumas alegrias padecem
Quando cessa tal idade
Mentiras envelhecem
Tornam-se maçantes
O corpo implora prazer
Harmônicos neurônios
Singelos sintomas mentais
Ilustres desfrutes emocionais,
Uma súbita súplica pelo desgaste
E o descaso de glórias cedidas
De metas vencidas,
Simplório é o apego ao sossego.

terça-feira, 3 de agosto de 2010

Transcendência.


Ilusão
Palavra designada
Pela ausência de uma crença
Que superaria algo transcendental
Escolhas desiguais
Traços tortos,
Vidas verdes,
Matos mortos
O Criador cria o ser
E o ser vira o destruidor
Sofrimento e dor
Vencido pelo fracasso
Suor, cansaço
E a ferrugem do aço
Que atravessara o punho
E a coroa do Rei
Fizera com que o sangue
Descesse sobre sua face,
Os joelhos que desciam
Pela misericórdia da cura
Se acovardaram diante das hastes
Os gritos que ecoavam
Fizera as lágrimas estremecer o chão
Os sinos inertes
Agora badalam
A culpa do pecado
Dessa sentença imposta e injusta
Covardes e impuros
Entraram na linha do compasso
Alinharemos no espaço
Agarramos ao que nos foi reservado.

Eufemismo vital.


Ando,
Faço percursos
Dos quais são irreconhecíveis
Observo e desvendo
Lugares sombrios
Nem tão claros,
Nem tão escuros,
Nem tão frios
Me sinto no conforto
De uma luz que clarea distante
Que no chão entrelaça com minhas sombras,
Sombras que retrocedem um passado
E logo desfrutam de um futuro,
Marcas que não se apagam
Precisei ficar sozinha
Pra curar do que me cegava
Diante do simples,
Ensaiei uma peça pronta
Só atuei do meu modo,
Um teatro vital, um público imaginário
Onde expressam,
Risos, choros e aplausos
Se ouve nas vozes ecoadas
Altos, intensos e falsos
De palavras repetidas
E antes que fechassem as cortinas
Deitei-me no palco
Escorrera uma lágrima
E em sua transparência
Presenciaram um espetáculo,
Ecléticos, estigmas e essências
Diferentes sinais de diferentes aromas,
Dissuadiram-se
Ao verem minha pequena frustração
De querer atuar sozinha,
Precisei de forças para levantar-me
Do chão gelado
Que abraçava meu corpo
Despido e despojado,
Os membros tornaram desnecessários
Venenos que adormecem a mente
Pelos atos instintos
Tornei-me vítima das próprias circunstâncias
Precisei de relações imediatas
De vínculos recíprocos
Ou um sentido moral
Passei a ser o público alvo
Do próprio recital.

quinta-feira, 29 de julho de 2010

Expressão.


Naquela noite
Fui clara e áspera,
Em um erro grosseiro
Fui pretensiosa
Decisões emergentes,
Meu lado externo agiu mais intenso
Mas meu coração estava encorvajado,
Virei refém de meus pensamentos
Culpas, receios, atormentos
Alardes contra minhas vontades,
Desejos contra vaidades
Mentiras contra meias verdades.
Um talvez que se escondia
Atrás de vertigens que desconhecia
Desequilíbrio emocional
Esse atropelo
Que atrapalhe o apelo
Conceito tranformado em respeito
Abstrai,
Desapego nocivo
Lágrimas secas, rancores
Chego ao aconchego
Distanciam-se
Aspecto, plano, incentivo
Tudo muda e ainda sinto.

quarta-feira, 28 de julho de 2010

Apenas Palavras



Paralelas
Se igualam e se contradizem
Lidas, ditas, entendidas.
Atenção, intenção,
Intencionadas no obscuro
De uma lei imaginária
Estranhas,
Como se não tivessem nada
Ingênuas, patéticas, poéticas.
Resguardadas,
Protegidas entre espaços,
Linhas e laços
Discórdias com lágrimas,
Solitárias
Armadas do mesmo jeito
Como um brotar de uma flôr
Ao rair do dia
E uma gota de orvalho caindo sobre ela
Concluídas em palavras
Meus aspectos condizem
Meus sentimentos traduzem,
Meus gestos deduzem
Palavras?
Meu silêncio são minhas palavras.

Incansável.



Exaustos
Cansados pela rotina do desejo
Pela crítica assustam
Pelo autocontrole caem
Intimados a um desafio
Lutam contra o ego
Perdem suas estimas
Baixos e altos
Fracassados pelo ritmo constante
Tempo, momento, instante
Ligados as suas origens,
Capacitam e não mudam.
Dúvidas,
Praticam o desapego
Transitam em suas psiques
Como parasitas do erro
Alojam na mente
Causam uma dor inexplicável
Uma parte agiliza o processo
Em meio progresso
A outra se mobiliza
Cessam por não desvendar a autocura
Intercalados pela compreensão do infinito.
Desatentos, esvaiam
E a ponte da imensidade
Desmorona.
Persistentes ao alvo,
Tornam-se de fato
Perdurentes,
Arquivam seus defeitos
E formatam suas esperanças,
Na ironia do acerto
Linhas e traços quase perfeitos
Sínteses finais
Fórmulas  encontradas de elementos desiguais
Reações inesperadas,
Incalculáveis tentativas.
Gritam e descansam,
Voltam e se adaptam.

terça-feira, 20 de julho de 2010

Impuros




Homens que nada são
Aturdidos pela vergonha
E uma mensurável falta de caráter
Nos vestem com suas mentiras
Nos induzem ao sistema
Com imperceptíveis crimes,
Já estamos no esquema
No erro absurdo
Erramos juntos
E continuamos errantes
E como nômades
Apenas vagos andantes
Sem saber onde está o próprio alimento,
Alimentam-se do impuro,
Saciam-se do obscuro
A fome que consome
O vazio intelectual.
Obtemos relações sociais
E enchemos com o desigual
Discorremos sobre conceitos
Ainda sim vomitamos preconceitos,
Incluam-se.

Espaço.


Mundos estranhos,
Lados semelhantes
Vidas se igualam
Onde a atitude torna-se importante
E ao mesmo tempo instigante.
Tempos alheios,
Espaços, laços, abraços
Tornam-se almejados,
Determinação expressa,
Imersos no obscuro
Fatos, contatos, atos
Propiciam desejos
Ligados a ilusões
Intencionados nas leis
De seus próprios defeitos.
Mudanças constantes
Lados positivos
Lados negativos,
Onde a lei da atração
Cessam em meio atrito
E se mobilizam
Em um espaço neutro,
Ainda sim criam conflitos
Entre cálculos perfeitos
Tornam-se céticos
Diante do óbvio.

Imorais


Levantem as bandeiras
Gritem hinos nacionais,
Induzem inocentes
Atos hipócritas recentes
Enganados por políticas corretas
Sinais, placas, setas
Sigam direções discretas
Cubram, descubram
Descobrem armas secretas
Fartas, cheias, completas
Atire-se ao alvo
Retire-se do ato
Coloque-se de fato.
Lanternas internas,
Iluminando os pulmões
Respire,
Sinta a fumaça,
Sufoque-se,
Consuma,
Lute contra a química que te consome.
Suma ou some,
Calcule quantos anos mais,
Atue na imortalidade dos ''morais''.